segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Guerra fria

Há de sentir o gosto amargo
Quando eu partir.
Odiou-me mentindo
Dizendo amores
Viu…
É o meu inimigo
Antigo amigo.
Agora é decretado
Intitulado
A guerra fria
Do tempo frio
Do dia de chuva
Na primavera.
Faz-se de coitado
Faz-se pouco amado
E ainda implora
Um tempo de paz.
Tudo bem.
Eu estou partindo
Como sempre sigo meu caminho
Agora é meu inimigo.

Andréa Balsan,
19/10/2009.

sábado, 17 de outubro de 2009

Tão tão distante

Quais são os truques
Que levam
Eu ser de você?
Entrar no seu mundo
Morrer afogada
E querer não renascer.
Quais são as cartas
Na manga do incrédulo?
Quero ser mais criança
Pular o carnaval.
Não me ache que sou mau.
Eu quero meu mundo
Mas meu mundo
É tão distante do seu.
E agora por dentro estou triste
Uma dor que não existe
Quando estamos só eu e você.

Andréa Balsan,
17/10/2009.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Caninos em cacos

Pregue meus punhos,
Venda meus olhos,
Amarre-me na cruz
Jogue a chave da razão fora.
E desabrocha
Em seu jeito enigmático
De menina que fisga o palhaço.
Arranque-me a crina
Morda meu ventre…
É a minha retina,
Meu corpo caliente.
Apesar de que gritem todos
Os palavrões desobedientes
Eu escutarei seus gemidos,
Que rugem em sua mente.
Mesmo que manchem
Os papeis documentais.
Eu sei que é menina
Em si uma leoa
De quebrados caninos,
Mas ainda morde
Segue o destino.
Foge da morte.
Enrola seu corpo
Febril entre ao meu…
Deixe-me em pele viva
Para sentir a sua
Carne adentro
Sedenta de sangue…
Se te veem inocente
Eu te vejo mulher.

Andréa Balsan,
15/10/2009.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Como escrever um poema

Primeiramente pegue um papel e caneta.
Agora rabisque o papel inteiro.
Amasse e coma.
Sinta-o arranhar a sua garganta,
Dissolvendo dentro de você.
Agora pegue a caneta e desenhe em sua pele coisas sem sentido.
Absurdos gloriosos.
Pode ter algo de colorido.
Ou pode ser tudo no preto e no branco.
No verde e no rosa.
No orgulho e abraços.
Você pode se pintar de vermelho,
Sentir aquela tinta sangue em você.
Se rasgue
Se doa
Se deixe partir.
Agora se olhe nu no espelho
E visualize o que você é e não é.
O que você fez e não fez.
Deite no chão.
Chore, grite…
Seja um adulto babão.
Agora pode tomar um banho de chuva ácida.
E se desmanchar feito flores com os amantes ansiosos.
Após tudo isso pode escrever
No ar, na pedra…
Na prova de biologia.
Você pode estar no caminho de ser um poeta.

Andréa Balsan,
14/10/2009.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

De branco na poça

Senti algo me engasgando.
Quase vomitei ali no chão.
Mas é algo que ainda ficará aqui,
Não adianta o tamanho do rio que eu beba.
Está ali, como um corpo ébrio jogado em vão.
Sabia o que era, sentia em meus poros,
Mas como cometer um assassinato?
Oras… esta saudade insiste em me partir.
Tenho vontade de chorar,
Mas se ontem estive feliz…
A tristeza vem como uma chuva de tarde.
E a roupa no varal fica toda molhada novamente.
E eu que estou de branco piso em uma poça de lama.
Saudade é aliada da tristeza.
Deve ser por isso que além do engasgo
Ainda tem o fator do “emaconhamento” de olhos.
As nuvens perderam o sentido.
O álcool na boca é o que virou proibido.
Saudade também de ser fera
Mas tenho coleira, que eu coloquei.
Agora sinto saudade de ser feliz.
Agora estou longe e longe parece um infinito de mini-saia.
E a felicidade esteve em minha mão feito gatinha carente.
Hoje sou eu que preciso de um carinho,
Um amasso terapia…
Mas vou dormir cedo… sem amasso, sem leite,
E ainda engasgada com algum verso.

Andréa Balsan,
13/10/2009.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aproveitador

Ela te ama sem saber o que é amor.
As pessoas se zangam sem lembrar o que foi.
E eu desligo a tevê
Ou troco o canal
Procuro não vê
Meu estado irracional.
Amores vêm e vão como ônibus de linha
Talvez tudo isso seja indiferente
Eu me afogo toda manhã na mesma água fria
Não conjugue o verbo que lhe vem a mente.
Quem é poeta se aproveita de quem estiver
Sofrendo de amor
Ou vivendo como der.
E talvez se encontre em uma frase
Uma sub-frase qualquer, que nem se encaixe
Em um poema, qual for.
E não diga por que veio
Não sou sambista
Nem tenho manha de roqueiro.
Vou fazendo o que posso
Tentando falar de amor
Um amor assim emprestado
Ou até o que quero.
Fico aqui até chegar o próximo inverno.
Para fazer canções que sejam para mim.

Andréa Balsan,
17/09/2009.